Quando dizem que o cristianismo é a continuação do Império Romano, não é exagero. O que caiu ali no século V foi a parte ocidental do império, com seus generais, senadores e imperadores. Mas o que sobrou foi o aparato administrativo, o idioma (o latim da missa, ora pois), os títulos de poder e, principalmente, a sede do poder: Roma. Enquanto os bárbaros saqueavam, a Igreja já estava se organizando como nova autoridade, espiritual e, não raro, também temporal. Em vez de exércitos, usava batina e cruz. E como o império, tinha uma língua oficial, uma hierarquia rígida e uma sede bem definida.
Igreja imperial
O ponto de virada foi no século IV, com o imperador Constantino, que percebeu que o cristianismo podia ser uma boa cola para segurar um império em crise. Ele legalizou a fé cristã com o Édito de Milão (313) e convocou o Concílio de Niceia (325) pra resolver as brigas internas da igreja. E não foi pouco: definiram até a natureza divina de Jesus, coisa que nem os apóstolos tinham batido o martelo. O cristianismo passou de religião perseguida a religião do Estado, e Roma ganhou um novo tipo de "césar": o papa.
Batina no trono
Com o tempo, o Império Romano do Ocidente virou ruína, mas o papado virou poder. A Igreja herdou tudo: rituais, símbolos, estrutura administrativa. O "Pontífice Máximo", título do imperador romano, virou do papa. As basílicas, originalmente prédios públicos de Roma, viraram igrejas. E mais: o cristianismo absorveu festas pagãs, como o Natal no solstício e a Páscoa com ovos (fertilidade, né?). Era um sincretismo político e teológico, puro pragmatismo romano.
Vaticano
Séculos depois, a Igreja se consolidou como o maior poder da Europa. Reis se ajoelhavam diante de papas, cruzadas eram convocadas como campanhas imperiais, e quem desobedecia podia ser excomungado (ou morto). No fim das contas, o que era o Império com espada virou Império com turíbulo. Roma não foi destruída, foi canonizada.
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